quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sobre a obrigatoriedade do diploma para jornalistas

O Supremo Tribunal Federal revogou ontem, por 8 votos a 1, a obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercício da profissão.


Sim, eu sou estudante de Jornalismo. Terminei meu primeiro semestre há pouco. Você pensa que irei vender meu peixe, defender com unhas e dentes a obrigatoriedade do diploma, afinal, tenho que justificar os três anos e meio que terei pela frente como estudante, certo? Certo. Mas não irei justificar meus estudos (ou o dinheiro gasto com eles) para confortar minha posição. Irei basear minha defesa do diploma em fatos.


Há alguns meses, passei a carregar um texto em minha bolsa, cujo autor, é jornalista famoso, não formado. Falo de Gabriel Garcia Márquez. O texto, intitulado, “A Melhor Profissão do Mundo”, discute exatamente este ponto; A necessidade de escolas para jornalistas. Para Márquez, a desgraça das faculdades talvez seja ensinar muito de útil para a profissão, mas pouco da profissão propriamente dita.



Outros exemplos (menos sérios que o texto de Gabriel) de um jornalismo sem diploma, são os filmes “A Primeira Página” e “A Montanha dos Sete Abutres”. O primeiro ridiculariza o jornalista formado em faculdade que tenta cobrir a execução de um preso junto a outros velhos lobos de profissão. O segundo também esconde nas entrelinhas a mensagem de que o verdadeiro jornalista é aquele que vai à rua. Botando a figura do recém formado jornalista sempre como aprendiz do veterano interpretado por Kirk Douglas. Não há nada de errado na visão que esses três exemplos nos dão. O problema é que a comunicação contemporânea exige mais zelo.



Não se lê tanto como antes. A idéia de ética dos jovens de hoje é distorcida. Ética jornalística então, nem se fala. Alguns nem politizados são. Outros não querem nem saber de política. Alguns nunca ouviram falar dos preceitos básicos do jornalismo, como aquele de “ouvir os dois lados da história”. Bem, mas acredito que estes não conseguirão emprego, nem no pior jornal da cidade.



Também devemos racionalizar quanto aos órgãos que defendem a não obrigatoriedade do diploma. A Folha de São Paulo, por exemplo, não quer perder Delfim Netto de sua lista de colunistas. Quem melhor que ele falará de nossa economia? Concordo. Por outro lado temos o Sarney enchendo linguiça toda sexta-feira. Dispensável.



Um bom jornalista é composto da sede de Charles Taturn (personagem de Kirk Douglas em “A Montanha”), da ousadia de Walter Burns (personagem de Walter Matthau em “A Primeira Página”) e, equilibrando todo esse ímpeto por notícia, a mentalidade, ética e a escrita de Gabriel Garcia Márquez. Pronto, saiu do forno o jornalista perfeito. Agora, tal jornalista irá se criar sozinho? Nascer pronto? Feito um Pelé ou um Ronaldo? Não. Daí a necessidade de curso Acadêmico para ensino da profissão. Curso este que deve ser reformulado, como o próprio Gabriel Garcia diz. E isso deve ser feito o quanto antes.

LINK PARA O TEXTO DE GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ

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