quinta-feira, 2 de abril de 2009

Just a Fest?

No primeiro dia da semana que passou, fui testemunha de uma genuína apresentação artística. O festival “Just a Fest” (em tradução livre “Apenas um Festival”) trouxe ao Brasil pela primeira vez a banda britânica Radiohead. Mas antes de falarmos do show dos anfitriões, falemos de seus predecessores. O festival teve início por volta das 18:00 com a banda carioca Los Hermanos marcando seu retorno aos palcos paulistas. A banda que, assim como System Of a Down e Blink 182, havia entrado em hiato retornou para apenas duas apresentações. Uma no Rio outra em São Paulo. Ambas para o Just a Fest. Uma volta digna para a banda. Afinal, as 30 mil pessoas presentes na Chácara do Jockey acompanhavam os barbudos em uníssono. O repertório contou com surpresas nunca antes vistas em shows ao vivo: “Cheir Antoine” foi uma delas. Los Hermanos se despedem do público com uma sensação ambígua no ar, afinal, eles voltaram? Aos gritos de “Volta Los Hermanos” a banda deixou o palco emocionada e com o gosto de missão cumprida. Agora era a vez dos alemães do Kraftwerk, banda precursora quando tratamos de música eletrônica que influenciou uma penca de artistas, o próprio Thom Yorke, por exemplo. O Show é um espetáculo visual. As músicas vinham acompanhadas de competentíssimas animações e pequenos filmes exibidos nos telões laterais e no telão que ficava atrás da banda. No repertório, clássicos como “Autobahn”, “The Robots”, “The Model”, “Man-Machine” entre outras canções que, se não agitavam tanto o público como a banda anterior, deixava-o boquiaberto. Em certo momento do show a banda é substituída por robôs e um sentimento nostálgico toma conta dos mais velhos. Kraftwerk pode não ser tão interessante para os jovens de hoje, mas devemos pensar que se não fossem a loucura sadia destes alemães, talvez, nem mesmo o Radiohead existiria. Falando em Radiohead, a banda subiu ao palco do Just a Fest por volta das 22:00. Aquele homem franzino e com o olho esquerdo paralisado desde seu nascimento acolhe a multidão que já o esperava há algumas horas. O palco iluminado por gigantescos tubos cilíndricos de luz dava um ar de diferentes dimensões. O set, iniciado por “15 Steps”, do mais recente cd da banda In Rainbows, engrenava muito mais nos antigos hits. “Karma Police”, por exemplo, foi cantada num coro arrepiante. Clássicos vieram; “Idioteque”, “Exit Music”, “Paranoid Android”, “Fake Plastic Trees”, e alguns momentos engraçados como em “You And Whose Army”, Thom apareceu nos telões apenas com os olhos em close, aproveitou o momento para fazer algumas caretas. Rolou também um trecho de “True Love Waits” que poucos perceberam. Em outro momento, o líder do Radiohead ajoelhou-se agradecendo a entrega mútua de energia que ali ocorria. A banda tocou “Creep” e se despediu com a platéia esperando por mais. O show do Radiohead é um ato artístico puro. Sem clichês ou mesmices de apresentações internacionais. Apenas um festival? Muito mais do que isso.

Vejam como incluíram Fake Plastic Trees de última hora:

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