segunda-feira, 3 de outubro de 2011

HÁ MUITO NÃO ME CHAMAM DE MACACO

De tempos em tempos surge algo novo. Uma revolução, alguma coisa que sacode a cabeça dos jovens. Antigamente, o pessoal ficava vidrado no lançamento de um vídeo-game novo ou de um sistema operacional revolucionário. Hoje em dia tá difícil, tá tudo muito aguado, daí não tem muita graça. As coisas vão e vem com muita rapidez.

Antigamente, eu podia passar horas jogando bola na rua que ninguém ia me atazanar. Hoje em dia não dá, tem muito carro. Coisa mais boba é carro, né? Porque tem metrô e ônibus, então, por que a gente usa carro? Por quê? Sei lá, acho que é egoísmo nosso esse negócio de carro. Coisa brega.

Quando eu era menorzinho, eu gostava do cheiro dos carros. Qualquer carro tinha um cheiro bom, cheiro de... Carro mesmo. Coisa linda era sentir cheiro de carro. Hoje não dá mais pra sentir cheiro de carro porque eu tenho muito pêlo no nariz, isso tá dificultando meu olfato.

Coisa mais chata é pêlo, pêlo no nariz é uma coisa muito inútil, acumula sujeira, é difícil de tirar. Especialistas dizem que é pra proteger a gente. Coisa mais chata proteção.

Camisinha é muito chato, por exemplo. O cinto de segurança salva sua vida, mas quebra teu ombro com o tranco. E aquela porta giratória do banco? Nossa, ela te protege dos assaltos, mas oferece um pacote completo de desonra. Ficar sem fumar, então... Nem se fala. Tudo porque o cigarro faz mal.

Coisa mais chata fazer mal.

Antigamente, o povo no prézinho me zoava porque eu era negro. Os xingamentos iam de “macaco” a insultos direcionados a minha progenitora, só pelo fato dela ter a pele negra. Era meio triste. Aquela galera toda cresceu. A galera do prézinho. Alguns morreram, outros foram fazer stand-up.

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