domingo, 20 de fevereiro de 2011
Conheça a Galeria do Rock
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Vinte e seis em três
Infância
No início dos anos 90 eu era uma criança feliz. Eu gostava de comer “ovo molinho”, dado por minha mãe, na boquinha deste que vos escreve. Ela cozinhava o ovo, um bocadinho só, pra ele ficar “molinho”. Daí eu sentava na mesa, apoiava os pés na cadeira e, com o uniforme do “présinho”, comia o ovo. Sempre que o ovo terminava, eu pensava: “Eita, tô forte agora, vou ficar inteligente”. O café da manhã estaria completo depois que eu bebesse o Yakult de praxe. Minha mãe comprava uma cartela da tia do Yakult que passava no bairro. A cartela durava algumas semanas.
Estudei dois anos no pré e, no primeiro deles, a tia Irene (dona) cuidava das crianças em sua própria casa. No segundo ano ela prosperou e comprou uma casa maior. Eu cheguei a ficar na sala de castigo uma vez, uma saleta onde ficava o mimeógrafo em que a tia Irene preparava os exercícios. No pré só escrevíamos a lápis. Na mesma época eu jogava bola, andava de bicicleta e me machucava bastante. Eu sempre tinha uma cicatriz nova em alguma parte do corpo. Foi mais ou menos nessa época que minha Vó morreu, ela tinha mais de 100 anos e foi a primeira vez que vi minha mãe chorar.
Quando eu tinha uns 11 anos comecei a engordar bastante. Sempre fui um menino magro, mas comecei a ficar gordinho logo no início da adolescência. Época cruel pra engordar. Nessa época, durante a exibição de “Minha mãe é uma sereia”, na Sessão da Tarde, que descobri o orgasmo. O primeiro orgasmo é tão marcante, não? Abre-se um mundo de prazer desconhecido, porém, perde-se boa parte da inocência. Pois bem, descobrindo o orgasmo, descobri também os hábitos juvenis.
Pouco depois comprei minha primeira Playboy. A Tiazinha do H posara nua, eu era fã da morena, mas obviamente não poderia efetuar a compra, já que era uma criança, gorda e punheteira. Chamei um colega do colégio, ele era alto e aparentava maioridade. Ele foi à banca de jornal e eu fiquei à espreita. Foi extremamente embaraçoso, até porque o vendedor fez questão de dizer: “Não quero que a mãe de ninguém venha reclamar comigo, hein!”. Que vergonha! Mas valeu a pena, a revista rendeu bons orgasmos. Eu estudava pela manhã. Jogava vídeo-game até cansar. Dormia à tarde, lia à noite e ouvia muita música. Nessa época percebi que o mundo era um lugar bastante cruel.
Maioridade
Em 2008, com 23 anos, eu pesava em torno de 123 quilos, foi quando resolvi emagrecer. Emagreci. Malhava todos os dias e comia apenas o necessário. Só não abdiquei da cerveja. Antes de começar a cursar Jornalismo em 2009, tive minha primeira experiência verdadeiramente jornalística. Cobri um festival de rock’n roll para um site de música. No meu texto utilizei elementos da minha profissão, como o lead e as aspas, sem nunca ter estudado isso. Culpa do amor pela música e pelo futebol, que me fazia comprar revistas e jornais, acabei acostumando com o que lia.
Hoje estou fazendo 26 anos. O mundo continua cruel e maravilhoso.